Eu preferia o mundo anterior.
Aquele onde jogo entre o Brasil e a Suécia pela Copa do Mundo, a gente ouvia pelo rádio com ruídos de estática tão altos que mal conseguíamos entender a locução mas entendíamos quando o gol era do Brasil. A gente imaginava que todas as jogadas eram espetaculares. Hoje as TV’s e as câmeras ultra modernas me mostram o lado real e não tão bonito do mesmo futebol que tanto me encantou.
Eu preferia os festivais da canção popular onde músicas como Sabiá, mesmo sendo vaiadas por muitos, tornavam-se clássicos da MPB. Os truques que hoje existem e que transformam as vozes daqueles que não tem o talento dos que considero imortais, me mostram o lado real da música que eu tanto gostava de ouvir.
Eu preferia receber cartas e cartões pelo correio, os quais eu abria com ansiedade e carinho porque os remetentes que nem sempre eram familiares eram pessoas que paravam o que estavam fazendo pra me mandar uma mensagem especial. Os e-mails ou mensagens de texto que hoje recebo, raramente contém o romantismo de outrora. As cartas eu guardava num baú. Os e-mails nem sempre. São mensagens efêmeras que via de regra, eu deleto.
Eu preferia o feijão que ficava de molho da noite pro dia, que era catado pra se tirar cada pedrinha, que era cozinhado no caldeirão de ferro e virava feijoada. Os feijões de hoje vem enlatados, prontos pra esquentar no micro ondas e serem servidos durante o jantar apressado do dia a dia.
Eu preferia tudo aquilo mas não rejeito o que hoje me é oferecido.
Eu era feliz e não sabia? Não. Eu discordo dessa afirmação. Eu era feliz e sabia. Assim como sou feliz hoje porque carrego comigo lembranças que poucos têm porque nasceram muito depois ou porque nasceram na mesma época mas a memória já não ajuda.
Experimente dedicar 5 minutos do seu dia às suas memórias de infância e veja quantas lembranças boas virão à sua mente. Despreze ou “delete” os traumas. Eles não vão te ajudar a ter um dia feliz nem hoje nem nunca.